sábado, 7 de julho de 2012

Act 4 – Porto, Portugal, Extreme Sailing Series 2012 - EXSS


McMillan (The Wave, Muscat) excels in tight stadium and storms to his third consecutive Act win, extending overall Series lead
Biggest ever spectator numbers crowd around the Douro River stadium
Live TV broadcast shares heart-stopping action with millions
Extreme Sailing Series 2012 Overall Series Results after Act 4, Porto
 Position:
1 The Wave, Muscat 39 points
2 Red Bull Sailing Team 33 points

3 Oman Air Team 31 points

4 Groupe Edmond de Rothschild 31 points
5 GAC Pindar 22 points
6 Alinghi 18 points
7 SAP Extreme Sailing Team 18 points

8 ZouLou 16 points

From Extreme Sailing Series

sábado, 16 de junho de 2012

Porto - De S. José das Taipas às Alminhas da Ponte

Passeios da Primavera 2012 - C. M. Porto
Por José Manuel Tedim e Luís Cabral


Partindo da cota alta da Cordoaria, vamos em direção à Ribeira, descendo as ruas de Barbosa de Castro e de Belomonte até ao Largo de S. Domingos. Começaremos por uma breve visita à Igreja de S. José das Taipas, detendo-nos, durante o percurso, em algumas casas como a de Garrett e a de Belomonte. Apreciaremos também os largos de S. João Novo e de S. Domingos. Daí iremos ao memorial das Alminhas da Ponte. 
Mais informação:
Igreja de S. José das Taipas
A igreja de S. José das Taipas, situada no início da Rua do Dr. Barbosa de Castro, começou a ser construída em 1795, mas só ficou acabada em 1878. Esta lentidão ficou a dever-se, sem dúvida, à falta de recursos da irmandade, mas deve ter sido provocado também pelos escaldantes acontecimentos políticos e sociais que marcaram o século XIX desde o início. Não admira, por isso, que o projecto do engenheiro Carlos da Cruz Amarante tenha sido substancialmente alterado, ao longo dos 83 anos que demorou a construção da igreja. As alterações mais significativas registaram-se no retábulo da capela-mor e na sacristia.
A irmandade que administra esta igreja resultou da fusão, em 1780, de duas outras anteriores: a de S. Nicolau Tolentino das Almas (instituída em 1634, na igreja de S. João Novo) e a de S. José das Taipas. A nova confraria, designada Irmandade das Almas de S. José das Taipas, reunia-se, primitivamente, na capela privativa da confraria de S. José das Taipas, fundada em 1666 pela família dos Pachecos ao cimo da Rua do Calvário (hoje do Dr. Barbosa de Castro). Com o desenvolvimento do culto das almas, cedo se impôs a necessidade de se construir um novo templo. Tanto mais que a Irmandade das Almas conquistou enorme simpatia por parte da população, a ponto de em 1810, os moradores na Ribeira deliberarem confiar-lhe o encargo do sufrágio dos mortos no desastre da Ponte de Barcas (29 de Março de 1809) e a recolha das esmolas para esses sufrágios. Por essa razão, a irmandade passou a realizar todos os anos, nessa data, uma procissão da capela até à Ribeira, evocando as almas dos que morreram no rio, um acto religioso que se manteve até 1909 e que só terminou com o advento da República. Na igreja das Taipas conserva-se ainda a tela original evocativa dessa tragédia provocado pelas invasões francesas, que esteve inicialmente na Ribeira, antes de ser substituída, em 1897, pelo painel de bronze de Teixeira Lopes (pai) que agora figura no muro da Ribeira.

"Relacionado com este desastre da Ponte de Barcas, registou-se um lamentável episódio que envolveu a Irmandade das Taipas e uma outra semelhante, erecta na Capela das Almas, da Rua de Santa Catarina. Quando a população da Ribeira entregou à das Taipas o encargo daqueles sufrágios, a de Santa Catarina não gostou que a outra ficasse com o exclusivo da gestão das esmolas das «Alminhas da Ponte» (que constituíam já um avultado capital), reivindicando também esse direito. O conflito estalou e a contenda arrastou-se durante alguns anos, com grande escândalo público, a ponto de Firmino Pereira a ele se referir nos seguintes termos: «A irmandade (de Santa Catarina), que era teimosa, disputou à sua congénere das Taipas a administração do cofre das ""Almas"", travando-se entre as duas corporações um litígio formidável em que, cada uma, no seu interesse, se defendeu com os melhores argumentos que pôde inventar ou deduzir dos textos canónicos aplicáveis ao caso. A questão era, como se vê, reles, porque assentava numa base de ganância. "

"A igreja das Taipas é um templo elegante, de estilo italiano-clássico, com uma frontaria de grande simplicidade. Na fachada, destaca-se a porta, superiormente adornada, e, no seu enfiamento, um grande janelão com frontão circular; no remate, um frontão com tímpano com um óculo e grinalda. A torre, de forma quadrada e um pouco recuada, situa-se do lado direito e abre com uma porta e, por cima, uma janela gradeada; no primeiro andar, uma outra janela e, mais acima, quatro janelas sineiras, rematando-a uma cúpula em pirâmide, encimada por uma cruz de ferro; esta parte superior da torre é revestido por azulejos. "

Interiormente, a igreja é de uma só nave, coberta por abóbada de berço, com estuques muito simples, ao longo da qual corre um varandim com grade de ferro. Além do altar-mor, tem quatro altares laterais, dedicados a Nossa Senhora das Dores, da Saúde, da Conceição e a Santo António. Na capela-mor, também abobadada em berço e com estuques, destaca-se o retábulo neoclássico do século XIX e as imagens de S. José e de S. Nicolau Tolentino. Merecem também algum destaque o famoso presépio desta igreja e uma tela antiga, da escola alemã, representando Nossa Senhora da Divina Providência.


Palacete de Belomonte

O Palacete de Belomonte (ou de Belmonte), também conhecido como Casa dos Pacheco Pereira, é uma casa apalaçada localizada na cidade do Porto, em Portugal.
O Palacete de Belomonte, localizado nos números 43 a 55 da rua do mesmo nome, é um exemplar bem representativo da arquitectura do Porto da primeira metade do século XVIII. A frontaria da casa está dividida em cinco partes, por pilares.
O brasão da família Pacheco Pereira, que ornamentava a fachada, foi substituído pelo emblema da Companhia dos Caminhos-de-Ferro Através de África (também conhecido como Companhia de Ambaca) quando esta adquiriu o imóvel, em 1888.
Presentemente, está instalado no Palácio de Belomonte um dos núcleos da Escola Superior Artística do Porto.


As Alminhas da Ponte são umas alminhas localizadas na Ribeira, na cidade do Porto, em Portugal.
Trata-se de um baixo relevo em bronze realizado em 1897 pelo escultor Teixeira Lopes, pai e que eternizou o dia 29 de Março de 1809 no qual centenas de pessoas, fugindo das tropas do Marechal Soult que atacavam a cidade sob ordens de Napoleão, faleceram na travessia da Ponte das Barcas. O peso e a aflição da população em fuga originou o afundamento da ponte que ligava as duas margens do rio Douro.
Hoje em dia, os cidadãos depositam velas acesas e flores nas Alminhas da Ponte para lembrar a tragédia.

sábado, 14 de abril de 2012

Porto - Azulejos da Estação de S. Bento


A Estação de S. Bento, que serve principalmente a linha ferroviária do Douro, foi construida no local do Convento de S. Bento da Avé-Maria, que foi totalmente demolido para dar lugar a este novo edifício.

A criação de uma estação impunha-se faltando apenas definir o local e uma vez que o Convento se encontrava em degradação a Câmara aprovou o projecto e em Janeiro de 1888 a Direcção dos Caminhos de Ferro foram autorizadas a estudar o prolongamento da linha de Campanhã até às proximidades da Praça da Liberdade.

Assim procedeu-se à abertura dos túneis da Quinta da China, do Monte do Seminário e das Fontainhas. Foi exactamente a abertura destes túneis que ditou a demolição do mosteiro.

Em 7 de Novembro de 1896 chega o primeiro comboio, ainda sem estação, este acto marcou a inauguração oficial da linha férrea.

Contudo a construção da estação como a conhecemos só teve inicio a 22 de Outubro de 1900, estávamos no reinado de D. Carlos e de Dª Amélia que presidiram ao assentamento da primeira pedra da nova estação, que manteve parcialmente o nome do antigo Convento - S. Bento.

Em Agosto de 1915 foram assentados os azulejos na gare da estação. No total 551 m2 de superfície a decorar com os mais belos painéis do género existentes em Portugal.

Cada painel representa uma cena da história nacional. Neles podemos encontrar: a entrada triunfal de D. João I e o seu casamento com Dª Filipa da Lencastre no Porto, em 1386, a conquista de Ceuta, 1415 e o Torneio de Arcos de Valdevez,1140.

Noutros porém encontramos cenas campestres e aspectos etnográficos como são exemplo a procissão da Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego, a romaria de S. Torcato, em Guimarães, uma Vindima, a Feira do Gado, uma Azenha, o Transporte do vinho num barco rabelo, no Douro...

No alto das paredes podemos ainda ver um lindo friso multicolor evocativo da história da viação nacional, desde os primórdios até à chegada do primeiro comboio a Braga.

O edifício foi solenemente inaugurado em 1916, está concebido em forma de U, com dois pavimentos que dão para as ruas da Madeira e do Loureiro, estando a fachada principal voltada para a Praça Almeida Garrett.

Interiormente integra uma gare com oito linhas terminais e cinco cais, para armazenamento de mercadorias tudo coberto por uma enorme mas artística estrutura metálica.


Porto - Igreja do Corpo Santo de Massarelos


Igreja e Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos

O templo actual, situado no Largo denominado do Adro, que comunica com a Rua da Restauração, aberta no segundo quartel do séc. XIX e primitivamente chamada Rua de D. Miguel I, foi começado a construir em 1776. Passou a servir de igreja paroquial da freguesia de Massarelos quando se arruinou a de Santa Maria da Boa Viagem, sede da freguesia até à extinção canónica da mesma. Pertence à confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos, fundada, conforme tradição, em 1394, por mareantes que tinham sofrido tempestade quando regressavam de Inglaterra, e à qual teria pertencido o Infante D. Henrique. Esta confraria possuía grande importância no Porto, desempenhando funções bancárias, comerciais e outras, tendo navios que defendiam a costa quando apareciam piratas argelinos. Em 1741, a esquadrilha da Confraria compunha-se de cinco barcos: «São João da Foz», «Santo António de Lisboa», «São Pedro e São Félix», «Nossa Senhora da Conceição» e «Almas». Tinha também,  por concessão régia, o privilégio de ser depositária e fornecedora dos modelos de conhecimentos de bordo.

A igreja actual é dividida em três partes, por pilastras: na parte central, portão com frontão partido, com um nicho, no qual se vê a imagem do padroeiro, S. Pedro Gonçalves Telmo, e duas colunas rematadas com capiteis coríntios. Superiormente, duas janelas laterais e um janelão circular. O entablamento é singelo, com trabalho lavrado rodeando o janelão, que o remata em forma de concha, elemento que remata igualmente as janelas. Aos lados, as torres sineiras rematadas com ornatos em cada face e encimadas por uma cruz de ferro. Entre os campanários e o entablamento têm um relógio. A fachada é guarnecida com azulejos.

Tem uma só nave. A capela-mor e o seu altar são anteriores aos outros altares. Nos colaterais, à esquerda Nossa Senhora de Fátima e, no da direita, S. José. No corpo da igreja, à esquerda Nossa Senhora das Dores e, à direita, S. Cosme; nos outros dois, de época mais recente, à esquerda o Sagrado Coração de Jesus e, à direita, Santo António.

O órgão deve ser do tempo de D. José.

No tesouro da Irmandade existem ainda diversas pratas, entre as quais avulta, pelo seu mérito artístico, uma custódia quinhentista.
Interessante para a iconografia de S. Pedro Gonçalves Telmo é o grande quadro a óleo que esteve colocado na igreja, junto à porta principal, do lado esquerdo, e se guarda hoje na sala das sessões. Representa, ao alto, a Santíssima Trindade: o filho abraça-se a uma cruz, junto à qual a figura da Esperança segura uma âncora, a cujo cabo prende a mão S. Pedro Gonçalves Telmo; em baixo, à esquerda, está pintado um letreiro que diz:

TRIUMPHO
DA GRAÇA
SOBRE A NATUREZA

Ao centro do quadro vê-se um pequeno globo incandescente - O «Fogo de S. Telmo».

Merecem também referência, algumas imagens e o arcaz da sacristia.

Em 1943, ainda a irmandade realizava, no segundo domingo de Maio, a festa a S. Pedro Gonçalves Telmo e nela distribuía o pão do fastio - pão bento, em tempos muito procurado pelos tripulantes dos navios, como remédio contra o enjoo e pelas mulheres grávidas. O pão do fastio ligava-se a milagre atribuído a S. Pedro Gonçalves, quando pregava o dogma da S. Trindade.
O templo que hoje existe é o terceiro e pertence, como os anteriores, à Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos. O padre Agostinho Rebelo da Costa, na Descrição Topográfica e História da Cidade do Porto, publicada em 1789, designa-a por igreja de S. Pedro Gonçalves. Largo do Adro
4050 Porto Do templo anterior, construído depois de 1640, de menores proporções que o actual, subsiste a capela primitiva, construída sobre o rochedo em que possivelmente assenta a capela-mor.
O beneditino Manuel Pereira de Novais referindo-se, no seu Episcopologio, ao templo que no seu tempo existia, designa-o por igreja.

Anos depois sofreu um restauro, sendo a capela-mor decorada, interiormente, com pinturas a fresco, feitas pelo pintor italiano Silvestro Silvestri, ao gosto bisantino.


sábado, 31 de março de 2012

Porto - Igreja de S. Lourenço (2) - Museu de Arte Sacra e Arqueologia


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"A Igreja e Colégio de S. Lourenço, vulgarmente designada por Igreja dos Grilos, devido ao facto de ter pertencido aos Frades Grilos da Ordem de Santo Agostinho, situa-se na freguesia portuense da Sé, em espaço próximo do Paço Episcopal.
Quando a Companhia de Jesus procurou instalar-se na cidade do Porto, os seus membros ficaram no Hospício de Santa Clara à Rua dos Mercadores, mudando depois para a casa de Henrique Nunes Gouveia, sita na Rua da Lada. Para tanto o espaço foi adotado às funções académicas e de liturgia.
No entanto, a área era restrita e em dia de S. Lourenço do ano de 1570, os jesuítas lançaram a primeira pedra da sua igreja e colégio nas imediações do Paço Episcopal, não sem antes enfrentarem forte oposição camarária e da população portuense. Ainda antes de terminarem as obras, os jesuítas mudaram-se para as novas instalações do Colégio de S. Lourenço. Persistentes e persuasores, estes vencem finalmente a oposição e abrem-no à comunidade em 1630, não cobrando qualquer propina pela sua frequência, o que conduziu ao sucesso dos seus diversos cursos.
Pesadas sombras abateram-se sobre os jesuítas na época do Marquês de Pombal, com este último a assinar a expulsão desta companhia do território nacional, em 1759. Ato contínuo, a igreja e o colégio ficaram na posse da Universidade de Coimbra; posteriormente, esta instituição vendeu os edifícios aos Agostinhos Descalços, os frades grilos. Estes últimos permaneceram aqui entre 1780 e 1832, ano em que o "batalhão académico" ocupou as instalações durante o Cerco do Porto. Após este belicoso episódio, o colégio ficou arruinado e foi espoliado de muitos dos seus bens mais preciosos, escapando às destruições a antiga e austera igreja jesuítica.Nas instalações do Colégio de S. Lourenço está sediado o Seminário Maior de N. Sra. da Conceição, encontrando-se igualmente instalado, desde 1958, o Museu de Arte Sacra D. Domingos de Pinho Brandão.
A denominada Igreja dos Grilos foi construída em 1577, sendo o seu arquiteto inicial Afonso Álvares. Posteriormente, Baltazar Álvares conduz os trabalhos e altera os planos de Afonso Álvares. Os custos do empreendimento foram suportados pelas esmolas dos crentes e pelas generosas dádivas do bailio de Leça, Frei Luís Álvares de Távora.
Seguindo o esquema das igrejas jesuíticas, a frontaria de S. Lourenço compreende dois andares repartidos em cinco corpos delimitados por pilastras. A porta principal é constituída por duas colunas assentes em pedestais, sobrepujado por frontão curvo interrompido, tendo ao centro heráldica jesuítica. Lateralmente abrem-se duas outras portas com frontões triangulares, de menores dimensões.
No meio do piso intermédio abre-se uma grande janela encimada por brasão do patrocinador da obra, Frei Luís de Távora, bem assim como da cruz de Malta.
No último andar rasgam-se janelas com frontões interrompidos, assentes em pilastras jónicas, com remates piramidais. A empena central apresenta frontão curvo rematado por cruz latina. Lateralmente erguem-se as sinuosas torres sineiras cobertas por cúpulas.
O interior desenvolve-se numa só nave coberta por abóbada granítica de caixotões, sustentadas por paredes robustas ritmadas por pilastras e nichos cavados, ostentando esculturas pintadas em barro e alusivas a diversas figuras hagiográficas.
O transepto apresenta cobertura em abóbada de berço ostentando o emblema jesuítico. Possui duas capelas e dois altares colaterais. A Capela de N. Sra. da Purificação contém um monumental retábulo de quatro andares preenchido com relicários e numerosas imagens de santos, obra barroca executada entre 1729 e 1733 pelos entalhadores Francisco Pereira de Castro e António Pereira, bem assim como pelo dourador Pedro da Silva Lisboa. Dos dois altares colaterais o destaque vai para o do "Coração de Jesus", com um painel do pintor Marques de Oliveira executado em 1882.
A capela-mor apresenta uma abóbada de berço com caixotões esquartelados. O seu retábulo é uma obra neoclássica e contém uma pintura de João Batista Ribeiro alusiva ao tema de Jesus Cristo inflamando o Coração de Santo Agostinho, possuindo ainda uma escultura de Santo Inácio de Loyola. Numa das paredes abre-se um arco que alberga a arca sepulcral de Frei Luís Álvares de Távora.A sacristia é forrada com painéis de azulejos historiados, datados de Setecentos e em tonalidades de azul e branco. "

Porto - Sé Catedral - Claustros e Museu


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"O monumento mais antigo e catedral portuense, a Sé, provém do século XII após a eleição do Bispo D. Hugo, Arcediago da Sé de Compostela. Foi a este que em 1120 a rainha Dª Teresa doou o burgo portucalense e o seu respectivo couto de onde proveio a dita catedral.

D. Hugo é além de restaurador desta mui nobre cidade, o mentor deste honroso património que a Comissão mundial denominou de Património Mundial.

A Sé portuense, de origem românica fica situada no monte da Penaventosa, também chamado de Terreiro da Sé.

Conta-se que a primeira pedra foi assente pela rainha Dª Teresa viuva do conde D. Henrique, só vindo a ser concluída já no reinado de D. Dinis.

A sua decoração primitiva foi baseada na Sé velha de Coimbra. No entanto com o passar dos tempos esta catedral sofreu diversas alterações que lhe apagaram os traços primitivos.

Anos mais tarde o artista fiorentino Nicolau Nasoni barroquisou-a desenhando-lhe as pinturas murais da capela-mor e construindo-lhe a galilé (parte alpendrada e sustentada por colunas).

A fachada principal é enquadrada por duas torres. O portal, agora em estilo rococó, substituiu o primitivo em estilo românico destruído em 1722.

A sua construção é sustentada por colunas encimadas por um frontão, tendo a meio um varandim com pequenas colunas.

Na parte superior a rosácea encontra-se uma sinecura com a imagem de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da catedral, pertencente ao século XVIII.

Esta rosácea, datada do século XIII, foi sempre conservada. Tem a sustentar-lhe os raios arcos tribolados e a envolve-la folhas de figueira.

Há duas cruzes a rematar a construção, uma em estilo românico e a outra em estilo gótico.

Este templo está dividido em três naves, sendo a central de maior altura que as colaterais.

As naves estão cobertas por abobadas ogivadas e os arcos assentam em pilastras dispostas em feixes, toda a decoração é fitomórfica (motivos vegetais), iluminada pela esplendorosa rosácea e pelas frestas altas do clerestório do transcepto a luz penetra nas naves central e colaterais numa conjunção harmoniosamente celestial.

A capela-mor é da autoria do Frei Gonçalo de Morais e data dos princípios do século XVII. Esta capela-mor de estilo clássico é toda decorada a mármore, possui dois órgãos, duas magnificas tribunas e admiráveis ornamentos em madeira com belas esculturas.

As grades do coro são em bronze artisticamente trabalhadas e a grade que separa a capela-mor do corpo da igreja tem um corrimão em mármore preta.

A pia baptismal é igualmente de mármore e reside sobre um pedestal em jeste branco e mármore roxo.

Fixas nas penúltimas pilastras encontramos algumas pias de água benta em mármore talhadas em forma de concha.

Nas partes laterais do templo deparamos com diversas capelas, entre as quais figuram a do Santíssimo Sacramento ornamentada com um retábulo em prata e um ilustre sacrário envolto em apainelados que relatam passagens da sagrada escritura gravado em baixo-relevo.

Nesta área do templo podemos ainda admirar as capelas de S. João Evangelista, S. Pedro e S. Vicente todas em estilo gótico.

Anexo ao edifício da Sé está colocado o túmulo de João Gordo.

João Gordo foi cavaleiro da Ordem de S. João de Malta e almoxarife de D. Dinis, antes da sua morte, em 1333, mandou esculpir o túmulo onde viriam a descansar os seus restos mortais.

O citado túmulo construído em calcário de portunhos (pedra da Batalha) assenta no dorso de quatro leões e um arco em ogiva encimado por uma cornija com cães lavrados. As faces do túmulo em alto relevo representam a ultima ceia, o calvário e a coroação de Nossa Senhora.

Continuando a viagem podemos encontrar na parte sul do templo o claustro gótico, pertencente aos meados do século XIV-XV. A sua configuração é abobadada com nervuras assentes em colunas fasciculadas.

Os capiteis estão revestidos por um único motivo vegetal.

A sacristia também em estilo gótico, situada na testeira do braço direito do transcepto com chão de mármore é abobadada em ogiva e dividida por grossos arcos de faces vivas sustentados por consolas em granito embutidos no muro.

O seu interior é refinadamente decorado com móveis de valor inestimável, mesas e lavatórios em mármores raros, as guarnições do espelhos, os armários e o relógio em estilo rococó são feitos de pau preto."

Texto em PortoXXI

Porto - Misericórdia - Igreja e Museu


"Inicialmente, a Confraria de Nossa Senhora da Misericórdia instalou-se na capela de S. Tiago, no claustro velho da Sé do Porto no entanto em 1555, atendendo à beleza da Rua das Flores, aberta por D. Manuel alguns anos antes, mudaram para lá a Casa do Despacho, iniciando nesse mesmo ano a construção da sua igreja, que seria benzida em 13 de Dezembro de 1559.

Deve acrescentar-se que a existência desta igreja e confraria se deveu à constituição da Santa Casa da Misericórdia do Porto em 1502, constituída na sequência duma carta que D. Manuel I escreveu, em 1499, «aos juizes, vereadores, procurador, fidalgos, cavaleiros e homens bons» da cidade, na qual lhes recomendava a criação duma confraria semelhante à de Lisboa, instituída no ano anterior.

A igreja foi benzida ainda incompleta pois a construção da capela-mor data de 1584, recebendo o Santíssimo em 1590.

A igreja foi reedificada em 1748, sendo reforçadas as paredes, construídos abóbadas novas e uma nova fachada, desenhada por Nicolau Nasoni em estilo «barroco luxurioso do sul de Itália, já dominado pelas formas do rococó». Da antiga igreja preservou-se apenas a capela-mor.

"A fachada assenta sobre três arcadas que abrem o andar inferior, apoiadas em altos pedestais. O arco central, porta de entrada para o vestíbulo, é rematado por uma cartela com uma legenda bíblica e a data de 1750, sendo esta zona central fechada com um frontão circular partido e profusamente decorado; os laterais são rematados por conchas. O segundo piso, assente no entablamento divisório, termina também num frontão circular, partido, luxuriantemente decorado; compõem o conjunto três janelões de recorte ondulado (de maiores dimensões o central), encimados por frontões ricamente decorados. Remata a fachada um grande frontão, com o emblema da Misericórdia e a coroa real, e sobre a cornija encurvada erguem-se quatro fogaréus e, no topo, uma cruz de pedra trabalhada. "

"O interior da igreja é de uma só nave com abóbada de tijolo recoberto de estuques e as paredes estão revestidos de azulejos azuis e brancos, que substituíram, em 1866, os primitivos. A capela-mor é coberta por uma abóbada barroco-jesuítica decorada, em granito, e as paredes, também em granito bem trabalhado, dividem-se em dois frisos: o superior decorado com colunas coríntias e janelas com grades de ferro dourado (do século XIX); no inferior, com colunas jónicas, abrem-se vários nichos com imagens dos evangelistas do século XVI, em madeira, mas pintadas em 1888, a imitar mármore. A decoração interior tem alguns aspectos valiosos, nomeadamente a sanefa de talha neoclássica do arco cruzeiro, onde figuram as armas reais e a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia. De algum valor artístico são ainda as capelas e os altares laterais, com painéis e imagens valiosos, o coro, assente num belo arco abatido e recortado e o guarda-vento com vistosa talha rococó. "

No claustro, em cuja galeria figuram retratos de vários pintores portugueses, há uma lápide comemorativa do antigo hospital de D. Lopo, reminiscência do primitivo hospital fundado com o legado de D. Lopo de Almeida, uma obra de assistência que a Misericórdia sempre assumiu como um dos seus mais firmes compromissos e a levou a construir, em 1769, o Hospital de Santo António, para substituir os exíguos e mesquinhos hospitais que então possuía e administrava. Relembre-se pois, que a Misericórdia portuense é o maior senhorio privado do Porto e um dos maiores do País. O Estado é um dos seus muitos locatários, tendo arrendados os hospitais de Santo António e do Conde Ferreira, as escolas secundárias de lrene Lisboa e Carlos Cal Brandão e as esquadras da PSP do Amial e do Pinheiro Manso.

O tesouro da Santa Casa, conservado no seu Arquivo Histórico (com documentação e códices valiosos) e no Museu (em constituição), é igualmente de grande riqueza, com destaque para várias peças de ourivesaria e excelentes pinturas, em que sobressai o célebre quadro «Fons Vitae», um óleo em madeira, obra-prima do gótico final, de autor desconhecido, mas dos princípios do século XVI, oferecido à Misericórdia por D. Manuel I e que serviu de retábulo na primitiva capela de S. Tiago e se conserva agora na magnífica Sala das Sessões da Santa Casa. "

Texto em PortoXXI