sábado, 14 de abril de 2012

Porto - Azulejos da Estação de S. Bento


A Estação de S. Bento, que serve principalmente a linha ferroviária do Douro, foi construida no local do Convento de S. Bento da Avé-Maria, que foi totalmente demolido para dar lugar a este novo edifício.

A criação de uma estação impunha-se faltando apenas definir o local e uma vez que o Convento se encontrava em degradação a Câmara aprovou o projecto e em Janeiro de 1888 a Direcção dos Caminhos de Ferro foram autorizadas a estudar o prolongamento da linha de Campanhã até às proximidades da Praça da Liberdade.

Assim procedeu-se à abertura dos túneis da Quinta da China, do Monte do Seminário e das Fontainhas. Foi exactamente a abertura destes túneis que ditou a demolição do mosteiro.

Em 7 de Novembro de 1896 chega o primeiro comboio, ainda sem estação, este acto marcou a inauguração oficial da linha férrea.

Contudo a construção da estação como a conhecemos só teve inicio a 22 de Outubro de 1900, estávamos no reinado de D. Carlos e de Dª Amélia que presidiram ao assentamento da primeira pedra da nova estação, que manteve parcialmente o nome do antigo Convento - S. Bento.

Em Agosto de 1915 foram assentados os azulejos na gare da estação. No total 551 m2 de superfície a decorar com os mais belos painéis do género existentes em Portugal.

Cada painel representa uma cena da história nacional. Neles podemos encontrar: a entrada triunfal de D. João I e o seu casamento com Dª Filipa da Lencastre no Porto, em 1386, a conquista de Ceuta, 1415 e o Torneio de Arcos de Valdevez,1140.

Noutros porém encontramos cenas campestres e aspectos etnográficos como são exemplo a procissão da Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego, a romaria de S. Torcato, em Guimarães, uma Vindima, a Feira do Gado, uma Azenha, o Transporte do vinho num barco rabelo, no Douro...

No alto das paredes podemos ainda ver um lindo friso multicolor evocativo da história da viação nacional, desde os primórdios até à chegada do primeiro comboio a Braga.

O edifício foi solenemente inaugurado em 1916, está concebido em forma de U, com dois pavimentos que dão para as ruas da Madeira e do Loureiro, estando a fachada principal voltada para a Praça Almeida Garrett.

Interiormente integra uma gare com oito linhas terminais e cinco cais, para armazenamento de mercadorias tudo coberto por uma enorme mas artística estrutura metálica.


Porto - Igreja do Corpo Santo de Massarelos


Igreja e Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos

O templo actual, situado no Largo denominado do Adro, que comunica com a Rua da Restauração, aberta no segundo quartel do séc. XIX e primitivamente chamada Rua de D. Miguel I, foi começado a construir em 1776. Passou a servir de igreja paroquial da freguesia de Massarelos quando se arruinou a de Santa Maria da Boa Viagem, sede da freguesia até à extinção canónica da mesma. Pertence à confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos, fundada, conforme tradição, em 1394, por mareantes que tinham sofrido tempestade quando regressavam de Inglaterra, e à qual teria pertencido o Infante D. Henrique. Esta confraria possuía grande importância no Porto, desempenhando funções bancárias, comerciais e outras, tendo navios que defendiam a costa quando apareciam piratas argelinos. Em 1741, a esquadrilha da Confraria compunha-se de cinco barcos: «São João da Foz», «Santo António de Lisboa», «São Pedro e São Félix», «Nossa Senhora da Conceição» e «Almas». Tinha também,  por concessão régia, o privilégio de ser depositária e fornecedora dos modelos de conhecimentos de bordo.

A igreja actual é dividida em três partes, por pilastras: na parte central, portão com frontão partido, com um nicho, no qual se vê a imagem do padroeiro, S. Pedro Gonçalves Telmo, e duas colunas rematadas com capiteis coríntios. Superiormente, duas janelas laterais e um janelão circular. O entablamento é singelo, com trabalho lavrado rodeando o janelão, que o remata em forma de concha, elemento que remata igualmente as janelas. Aos lados, as torres sineiras rematadas com ornatos em cada face e encimadas por uma cruz de ferro. Entre os campanários e o entablamento têm um relógio. A fachada é guarnecida com azulejos.

Tem uma só nave. A capela-mor e o seu altar são anteriores aos outros altares. Nos colaterais, à esquerda Nossa Senhora de Fátima e, no da direita, S. José. No corpo da igreja, à esquerda Nossa Senhora das Dores e, à direita, S. Cosme; nos outros dois, de época mais recente, à esquerda o Sagrado Coração de Jesus e, à direita, Santo António.

O órgão deve ser do tempo de D. José.

No tesouro da Irmandade existem ainda diversas pratas, entre as quais avulta, pelo seu mérito artístico, uma custódia quinhentista.
Interessante para a iconografia de S. Pedro Gonçalves Telmo é o grande quadro a óleo que esteve colocado na igreja, junto à porta principal, do lado esquerdo, e se guarda hoje na sala das sessões. Representa, ao alto, a Santíssima Trindade: o filho abraça-se a uma cruz, junto à qual a figura da Esperança segura uma âncora, a cujo cabo prende a mão S. Pedro Gonçalves Telmo; em baixo, à esquerda, está pintado um letreiro que diz:

TRIUMPHO
DA GRAÇA
SOBRE A NATUREZA

Ao centro do quadro vê-se um pequeno globo incandescente - O «Fogo de S. Telmo».

Merecem também referência, algumas imagens e o arcaz da sacristia.

Em 1943, ainda a irmandade realizava, no segundo domingo de Maio, a festa a S. Pedro Gonçalves Telmo e nela distribuía o pão do fastio - pão bento, em tempos muito procurado pelos tripulantes dos navios, como remédio contra o enjoo e pelas mulheres grávidas. O pão do fastio ligava-se a milagre atribuído a S. Pedro Gonçalves, quando pregava o dogma da S. Trindade.
O templo que hoje existe é o terceiro e pertence, como os anteriores, à Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos. O padre Agostinho Rebelo da Costa, na Descrição Topográfica e História da Cidade do Porto, publicada em 1789, designa-a por igreja de S. Pedro Gonçalves. Largo do Adro
4050 Porto Do templo anterior, construído depois de 1640, de menores proporções que o actual, subsiste a capela primitiva, construída sobre o rochedo em que possivelmente assenta a capela-mor.
O beneditino Manuel Pereira de Novais referindo-se, no seu Episcopologio, ao templo que no seu tempo existia, designa-o por igreja.

Anos depois sofreu um restauro, sendo a capela-mor decorada, interiormente, com pinturas a fresco, feitas pelo pintor italiano Silvestro Silvestri, ao gosto bisantino.