sábado, 16 de junho de 2012

Porto - De S. José das Taipas às Alminhas da Ponte

Passeios da Primavera 2012 - C. M. Porto
Por José Manuel Tedim e Luís Cabral


Partindo da cota alta da Cordoaria, vamos em direção à Ribeira, descendo as ruas de Barbosa de Castro e de Belomonte até ao Largo de S. Domingos. Começaremos por uma breve visita à Igreja de S. José das Taipas, detendo-nos, durante o percurso, em algumas casas como a de Garrett e a de Belomonte. Apreciaremos também os largos de S. João Novo e de S. Domingos. Daí iremos ao memorial das Alminhas da Ponte. 
Mais informação:
Igreja de S. José das Taipas
A igreja de S. José das Taipas, situada no início da Rua do Dr. Barbosa de Castro, começou a ser construída em 1795, mas só ficou acabada em 1878. Esta lentidão ficou a dever-se, sem dúvida, à falta de recursos da irmandade, mas deve ter sido provocado também pelos escaldantes acontecimentos políticos e sociais que marcaram o século XIX desde o início. Não admira, por isso, que o projecto do engenheiro Carlos da Cruz Amarante tenha sido substancialmente alterado, ao longo dos 83 anos que demorou a construção da igreja. As alterações mais significativas registaram-se no retábulo da capela-mor e na sacristia.
A irmandade que administra esta igreja resultou da fusão, em 1780, de duas outras anteriores: a de S. Nicolau Tolentino das Almas (instituída em 1634, na igreja de S. João Novo) e a de S. José das Taipas. A nova confraria, designada Irmandade das Almas de S. José das Taipas, reunia-se, primitivamente, na capela privativa da confraria de S. José das Taipas, fundada em 1666 pela família dos Pachecos ao cimo da Rua do Calvário (hoje do Dr. Barbosa de Castro). Com o desenvolvimento do culto das almas, cedo se impôs a necessidade de se construir um novo templo. Tanto mais que a Irmandade das Almas conquistou enorme simpatia por parte da população, a ponto de em 1810, os moradores na Ribeira deliberarem confiar-lhe o encargo do sufrágio dos mortos no desastre da Ponte de Barcas (29 de Março de 1809) e a recolha das esmolas para esses sufrágios. Por essa razão, a irmandade passou a realizar todos os anos, nessa data, uma procissão da capela até à Ribeira, evocando as almas dos que morreram no rio, um acto religioso que se manteve até 1909 e que só terminou com o advento da República. Na igreja das Taipas conserva-se ainda a tela original evocativa dessa tragédia provocado pelas invasões francesas, que esteve inicialmente na Ribeira, antes de ser substituída, em 1897, pelo painel de bronze de Teixeira Lopes (pai) que agora figura no muro da Ribeira.

"Relacionado com este desastre da Ponte de Barcas, registou-se um lamentável episódio que envolveu a Irmandade das Taipas e uma outra semelhante, erecta na Capela das Almas, da Rua de Santa Catarina. Quando a população da Ribeira entregou à das Taipas o encargo daqueles sufrágios, a de Santa Catarina não gostou que a outra ficasse com o exclusivo da gestão das esmolas das «Alminhas da Ponte» (que constituíam já um avultado capital), reivindicando também esse direito. O conflito estalou e a contenda arrastou-se durante alguns anos, com grande escândalo público, a ponto de Firmino Pereira a ele se referir nos seguintes termos: «A irmandade (de Santa Catarina), que era teimosa, disputou à sua congénere das Taipas a administração do cofre das ""Almas"", travando-se entre as duas corporações um litígio formidável em que, cada uma, no seu interesse, se defendeu com os melhores argumentos que pôde inventar ou deduzir dos textos canónicos aplicáveis ao caso. A questão era, como se vê, reles, porque assentava numa base de ganância. "

"A igreja das Taipas é um templo elegante, de estilo italiano-clássico, com uma frontaria de grande simplicidade. Na fachada, destaca-se a porta, superiormente adornada, e, no seu enfiamento, um grande janelão com frontão circular; no remate, um frontão com tímpano com um óculo e grinalda. A torre, de forma quadrada e um pouco recuada, situa-se do lado direito e abre com uma porta e, por cima, uma janela gradeada; no primeiro andar, uma outra janela e, mais acima, quatro janelas sineiras, rematando-a uma cúpula em pirâmide, encimada por uma cruz de ferro; esta parte superior da torre é revestido por azulejos. "

Interiormente, a igreja é de uma só nave, coberta por abóbada de berço, com estuques muito simples, ao longo da qual corre um varandim com grade de ferro. Além do altar-mor, tem quatro altares laterais, dedicados a Nossa Senhora das Dores, da Saúde, da Conceição e a Santo António. Na capela-mor, também abobadada em berço e com estuques, destaca-se o retábulo neoclássico do século XIX e as imagens de S. José e de S. Nicolau Tolentino. Merecem também algum destaque o famoso presépio desta igreja e uma tela antiga, da escola alemã, representando Nossa Senhora da Divina Providência.


Palacete de Belomonte

O Palacete de Belomonte (ou de Belmonte), também conhecido como Casa dos Pacheco Pereira, é uma casa apalaçada localizada na cidade do Porto, em Portugal.
O Palacete de Belomonte, localizado nos números 43 a 55 da rua do mesmo nome, é um exemplar bem representativo da arquitectura do Porto da primeira metade do século XVIII. A frontaria da casa está dividida em cinco partes, por pilares.
O brasão da família Pacheco Pereira, que ornamentava a fachada, foi substituído pelo emblema da Companhia dos Caminhos-de-Ferro Através de África (também conhecido como Companhia de Ambaca) quando esta adquiriu o imóvel, em 1888.
Presentemente, está instalado no Palácio de Belomonte um dos núcleos da Escola Superior Artística do Porto.


As Alminhas da Ponte são umas alminhas localizadas na Ribeira, na cidade do Porto, em Portugal.
Trata-se de um baixo relevo em bronze realizado em 1897 pelo escultor Teixeira Lopes, pai e que eternizou o dia 29 de Março de 1809 no qual centenas de pessoas, fugindo das tropas do Marechal Soult que atacavam a cidade sob ordens de Napoleão, faleceram na travessia da Ponte das Barcas. O peso e a aflição da população em fuga originou o afundamento da ponte que ligava as duas margens do rio Douro.
Hoje em dia, os cidadãos depositam velas acesas e flores nas Alminhas da Ponte para lembrar a tragédia.